Quase um mês após a troca emergencial da empresa responsável pelo transporte coletivo de Balneário Camboriú, os usuários ainda enfrentam a ausência de um aplicativo para consultar horários e rotas dos ônibus. A falha, que persiste desde o início de abril, expõe um dos principais problemas do contrato firmado pela Prefeitura com a Auto Viação Suzano Ltda, contratada por dispensa de licitação no valor de R$ 6,2 milhões.
Com a mudança na operação, o antigo aplicativo “Clive Bus”, que permitia acompanhar em tempo real a localização dos coletivos, saiu do ar — e nada foi colocado no lugar. Desde então, passageiros têm enfrentado dificuldades para planejar deslocamentos, sem qualquer previsão de chegada dos ônibus ou informação clara sobre as linhas em operação.
A Prefeitura, que celebrou o novo contrato como solução temporária e mais econômica, agora tenta cobrar da própria empresa aquilo que não foi garantido no momento da contratação. No dia 30 de abril, o governo municipal tornou pública uma notificação formal à operadora, exigindo a implantação do aplicativo e o cumprimento de outras cláusulas previstas no contrato emergencial.
De acordo com a administração, a cobrança veio após uma reunião com a empresa em 9 de abril, uma vistoria técnica realizada em 15 de abril e, por fim, a emissão de um documento jurídico em 24 de abril, dando prazo de 10 dias úteis para adequações. Entre os itens exigidos está justamente o sistema digital de informações ao usuário — um recurso básico no transporte urbano moderno.
Apesar de admitir que a falta da ferramenta compromete a previsibilidade e prejudica a rotina de quem depende do transporte público, a Prefeitura continua defendendo a mudança. O argumento é financeiro: enquanto a empresa anterior cobrava R$ 16,95 por quilômetro rodado, a nova cobra R$ 13,80 — uma economia estimada em R$ 1,4 milhão por ano.
Mas, na prática, essa economia ainda não resultou em benefícios perceptíveis aos passageiros. Sem acesso a dados em tempo real, milhares de usuários seguem no escuro, esperando ônibus sem saber quando — ou se — vão passar. O que era para ser uma solução de curto prazo tem gerado frustração e críticas crescentes.