Durante uma operação realizada ao longo de 15 dias na área central de Balneário Camboriú, a Polícia Militar identificou que a facilidade no acesso a alimentos fornecidos por estabelecimentos comerciais estaria incentivando a permanência de pessoas em situação de rua em pontos de alta incidência criminal, especialmente no trecho entre a Avenida Central e a Avenida Atlântica.
Nesta terça-feira (3), a corporação divulgou um vídeo com relatos de moradores de rua abordados durante as ações. Segundo os entrevistados, marmitas e alimentos prontos são distribuídos diariamente por comércios da região, principalmente nas imediações da Rua 1000 — área apontada por denúncias como um ponto crítico da cidade, onde há falhas na iluminação pública, presença constante de lixo espalhado e aumento no uso e tráfico de drogas, comparado por moradores a uma “cracolândia”.
“Camarão é à vontade em Balneário Camboriú”, diz um dos abordados, relatando que, mesmo sem pedir, recebe doações frequentes. “Fico parado e mais de dez pessoas passam pra dar comida, dar dinheiro… os restaurantes estão dando comida”, completa.
Outro trecho do vídeo mostra um grupo de moradores de rua esperando o encerramento do expediente de um restaurante para receber marmitas, uma prática que, conforme os depoimentos, ocorre diariamente.
A operação foi motivada por um aumento de 10% nos registros de furto em abril. De acordo com o comandante do 12º Batalhão da PM, tenente-coronel Rafael Vicente, aproximadamente 90% desses crimes foram cometidos por pessoas em situação de rua, com maior concentração justamente na região central.
Com base nas informações apuradas, a Polícia Militar identificou os estabelecimentos que fornecem os alimentos e formalizou um pedido à Prefeitura de Balneário Camboriú para que a Vigilância Sanitária e demais órgãos competentes realizem a fiscalização dos comércios. Até o momento, segundo a corporação, a administração municipal não deu retorno nem tomou providências.
A PM destaca que o objetivo da solicitação não é penalizar ações solidárias, mas assegurar o cumprimento das normas sanitárias e de ordenamento urbano, uma vez que a prática tem gerado impactos diretos na ordem pública. Ainda segundo a corporação, a ausência de atuação efetiva por parte dos serviços municipais de abordagem social tem agravado o problema e a situação precisa ser normalizada.