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Balneabilidade: Deputado Carlos Humberto muda de discurso ao trocar de lado na política

Do governo à oposição: Carlos Humberto e o duplo discurso sobre a balneabilidade de Balneário Camboriú

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O deputado estadual Carlos Humberto (PL) tem chamado atenção por seu discurso contraditório sobre os problemas de balneabilidade em Balneário Camboriú. Antes vice-prefeito da cidade, ele agora critica a administração municipal com declarações inflamadas, alegando que o prefeito Fabrício Oliveira é responsável por “o maior crime ambiental da história da cidade”. No entanto, a retórica atual do deputado esbarra em uma contradição evidente: ele mesmo fazia parte dessa gestão até pouco tempo atrás, quando renunciou ao cargo de vice-prefeito para assumir o mandato na Assembleia Legislativa de Santa Catarina (ALESC).

Em um vídeo divulgado hoje em suas redes sociais, Carlos Humberto denunciou problemas na lagoa de aeração, uma estrutura essencial para o tratamento de esgoto da cidade, e criticou duramente a qualidade dos aeradores adquiridos pela Emasa, a empresa municipal de saneamento. No discurso, ele afirmou que os três anos de poluição da Praia Central são resultado de erros administrativos, atribuindo a culpa diretamente ao prefeito e a seus indicados. No entanto, quando integrava o governo, sua postura era completamente diferente, focada em minimizar as críticas sobre a balneabilidade da cidade, especialmente durante períodos de chuva.

Do Apoio à Crítica: O Duplo Discurso de Carlos Humberto

Quando ainda fazia parte da administração municipal, Carlos Humberto adotava uma narrativa muito mais branda sobre os problemas de poluição na cidade. Em 2020, já como deputado estadual, ele defendia que as coletas de balneabilidade feitas pelo Instituto do Meio Ambiente (IMA) não deveriam ser realizadas em períodos de chuva, argumentando que isso distorcia os resultados e prejudicava a imagem turística de Balneário Camboriú. Em seu projeto de lei, o parlamentar afirmava que “chuvas recentes podem distorcer os resultados, levando a alterações momentâneas e pontuais”.

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Além disso, Carlos Humberto foi um dos principais articuladores de reuniões entre o IMA, a Emasa e a Secretaria de Meio Ambiente do município para discutir alternativas e parcerias voltadas à balneabilidade. Na época, ele elogiava os avanços do tratamento de esgoto da cidade e destacava a criação de uma Frente Parlamentar do Saneamento Básico, demonstrando alinhamento com as políticas do governo do qual fazia parte.

Agora, na oposição, a narrativa mudou radicalmente. O deputado ignora as mesmas explicações que antes defendia, atacando diretamente o prefeito Fabrício Oliveira e os órgãos municipais que ele, como vice-prefeito, ajudou a coordenar. Essa mudança abrupta de postura deixa claro que sua crítica atual está mais alinhada a conveniências políticas do que a uma preocupação genuína com o meio ambiente ou com a balneabilidade da cidade.

A Realidade dos Problemas Ambientais em Balneário Camboriú

Embora Carlos Humberto critique duramente a administração atual, os dados históricos mostram que os problemas de balneabilidade em Balneário Camboriú são muito mais complexos e persistentes do que ele sugere. Em anos de coleta de balneabilidade, os pontos considerados próprios ou impróprios sempre variaram de acordo com fatores externos, especialmente chuvas. Isso ocorre porque o Rio Camboriú, que deságua na Praia Central, é estruturalmente poluído, carregando resíduos acumulados em seu leito durante décadas.

Mesmo em 2019, ano em que todos os pontos da Praia Central foram considerados próprios para banho, a balneabilidade foi favorecida por condições climáticas específicas, como ausência de chuvas nos períodos de coleta. Já em 2023, com a lagoa de aeração fora de operação, todos os pontos foram considerados impróprios. Em 2024, com a lagoa em funcionamento, os resultados melhoraram parcialmente, mas continuaram a oscilar conforme o volume de chuvas.

Esses dados reforçam que a poluição estrutural do Rio Camboriú é o principal problema, algo que só poderá ser mitigado com décadas de recuperação ambiental e dragagem contínua. No entanto, Carlos Humberto prefere ignorar esse contexto em suas críticas, atribuindo toda a culpa à gestão atual, em uma postura que parece moldada mais por interesses eleitorais do que pela busca de soluções concretas.

O Que Esperar do Futuro

Com a posse de uma nova prefeita em 2025, que Carlos Humberto apoiou abertamente, será interessante observar se o deputado manterá o mesmo tom de cobrança caso os resultados de balneabilidade permaneçam similares. Afinal, mesmo com avanços tecnológicos e novos investimentos, a coleta em dias de chuva continuará a registrar pontos impróprios, já que a poluição histórica do rio não será resolvida de imediato.

A mudança de postura do deputado expõe uma lógica de conveniência política, onde a crítica parece ser utilizada como ferramenta para se posicionar contra adversários, sem compromisso real com a resolução dos problemas. A hipocrisia de Carlos Humberto, que defendeu e agora ataca as mesmas políticas, é um exemplo claro de como o jogo político muitas vezes se sobrepõe ao interesse público.

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