A vida de Sandro Marcos da Silva, de 49 anos, era dedicada aos esportes radicais – atividades de perigo que eleva a adrenalina do corpo devido às condições extremas de velocidade, altura e outros fatores, onde um pequeno erro pode ser fatal. E foi justamente por uma falha durante um teste de equipamento, que o esportista faleceu nesta terça-feira (8) – “trabalhando com o que ele mais amava”, segundo familiares.
Morador de Balneário Camboriú, Sandro era fundador do Projeto Aventuras Tirolesas do Brasil, especializado na montagem de tirolesas, circuitos de arvorismo e paredes de escalada.
Ele estava acompanhado de suas duas filhas adolescentes em Iraí/RS, município de 7,2 mil habitantes que faz divisa com Santa Catarina, para colocar em funcionamento a terceira maior tirolesa do país, com 1.680 metros, que havia sido contratado para instalar.
O experiente paraquedista e base jumper, que foi um dos atletas que saltou do edifício Yachthouse em novembro de 2017, morreu ao bater no telhado de uma casa durante o percurso da tirolesa que seria inaugurada no próximo sábado (11).
Segundo o delegado que investiga o caso, Ercílio Carletti, Sandro bateu na casa porque o cabo distensionou. Ele pediu uma vistoria na tirolesa, suspeitando que o calor superior a 30ºC possa ter distendido o cabo de sustentação. “Apenas a perícia vai poder apontar o que de fato aconteceu com o equipamento”, disse.
Os moradores da casa onde Sandro caiu não foram atingidos.
20 ANOS DE EXPERIÊNCIA
Ao GaúchaZH, o engenheiro Murilo Wehle contou que o zelo de Sandro o fazia ser conhecido como “o cara chato da segurança”.
— Duvido muito que ele tenha pulado algum procedimento, porque tinha muita experiência no ramo. Até agora, não tenho respostas para o que aconteceu. Foi o primeiro incidente dele e também o mais difícil de acreditar — disse o engenheiro, responsável pelo estudo de viabilidade da tirolesa. À ele, surpreendeu que Sandro tenha se lançado na travessia. Pois, pelo procedimento padrão, o teste da travessia é realizado primeiramente com um boneco.
Fernando de Rossi, Dono da Irahy Ecoparque, que contratou a empresa de Sandro e irá operar o equipamento, relatou que o paraquedista estava fazendo testes no cabo de aço, que havia sido tensionado no sábado (4), e sido advertido a evitar a descida. No entanto, ele teria decidido se arriscar porque, se necessário, saltaria de paraquedas.
— Tendo mais de 20 anos de experiência, ele sabia o que estava fazendo — comenta Fernando.
O sepultamento de Sandro Marcos ocorre na manhã desta quinta-feira (09), no cemitério municipal de Camboriú. Ele deixa três filhos e esposa.