O diálogo entre os deputados estaduais e o Executivo voltou ao debate parlamentar na sessão de quarta-feira (20) da Assembleia Legislativa.
Laércio Schuster (PSB) abriu a sessão ironizando o diálogo e, com um telefone vermelho diante de si, aconselhou o governador a sair do palácio, ao invés de oferecer acesso aos parlamentares de número de celular exclusivo para falar com o Chefe do Executivo.
“Um coronel sentado na cadeira, distante da realidade do interior, que não sai do palácio e acha que trazendo essa grande solução vai ajudar Santa Catarina a, principalmente, sair das páginas policiais. Não preciso de mais um número de telefone”, disparou Schuster, que cobrou solução para o desemprego, socorro aos hospitais, à indústria e ao comércio.
Paulinha (PDT), líder do governo, concordou em parte com o colega. “O que resolve não é dar o telefone um ano e meio depois (do início do governo), esta Casa reúne honradez, sensibilidade e capacidade de auxiliar o governo e esse tem sido o aconselhamento que tenho dado ao governador”, revelou a deputada.
Paulinha aproveitou para responder questionamento do ex-líder do governo, Maurício Eskudlark (PL), sobre a incorporação de gratificação percebida pelos policiais civis, mas que é cortada nos casos de afastamento por tratamento de saúde e aposentadoria.
“A gente está construindo entendimento no sentido de atender, a regulamentação não vai trazer despesas novas e aumenta a base contributiva, com desconto um pouco maior”, avaliou Paulinha, acrescentando “que há sinais de frutificar o diálogo que nos falta”.
Seca inclemente
Os deputados Maurício Eskudlark e Fabiano da Luz (PT) alertaram os colegas e a comunidade para a seca que assola o estado. “Seca no Alto Vale, no Oeste, o estado todo enfrenta o problema, 20 municípios já estão com dificuldade de água para atender a demanda humana”, lamentou Eskudlark.
“É grave o problema de estiagem, as chuvas não foram suficientes para mexer com as águas. A seca diminui a qualidade dos pastos, diminui a produção de leite, prejudica as lavouras, 46 municípios estão com situação de emergência, faltando água para abastecer o perímetro urbano nas cidades”, corroborou o ex-prefeito de Pinhalzinho.
Reforma da previdência
Bruno Souza (Novo) voltou a destacar a importância da reforma da previdência e apelou aos colegas para que a Casa retome a discussão do assunto. “Catorze estados já fizeram e estão enfrentando a crise com mais segurança fiscal, sem pular em um abismo de déficit fiscal. Nós não fizemos, quero fazer um apelo, enquanto Parlamento precisamos pensar no longo prazo, essa corona-crise vai passar”, discursou Bruno, que calculou em R$ 350 milhões o déficit mensal do Tesouro com a previdência estadual.
Internet para estudantes que não têm
Ada de Luca (MDB) sugeriu e o senador Dário Berger (MDB/SC) aceitou patrocinar um projeto de lei que permite aos estudantes da rede pública que não tem acesso à Internet assistir aulas online durante a pandemia. “As empresas prestadoras não descontariam no uso dados a utilização de aplicativo de ensino à distância, e as operadoras receberiam descontos proporcionais”, explicou Ada, que estimou em cerca de 18% os alunos da rede pública estadual de Santa Catarina não têm acesso à rede mundial.
Auxílio emergencial às mulheres vítimas de violência
Ada de Luca informou o protocolo de projeto de lei instituindo auxílio mensal de R$ 600 para as mulheres vítimas de violência e com medida protetiva em vigência. “A violência contra a mulher aumentou 35% em abril”, justificou a deputada.
Aldo Schneider
Jerry Comper (MDB) lembrou o aniversário natalício do saudoso ex-presidente da Assembleia Legislativa, Aldo Schneider, que seria comemorado no próximo sábado (23). “Um homem público, uma pessoa com quem aprendi muito e que no próximo sábado estaria completando 59 anos de idade. Nos deixou cedo. Obrigado onde quer que esteja e parabéns pelo teu aniversário”, declarou Comper, afilhado político do ex-deputado.
Valdir Cobalchini (MDB), Paulinha e Julio Garcia (PSD) também homenagearam o ex-presidente. “Sempre tive nele alguém totalmente comprometido com a causa pública, teve dois grandes mandatos de prefeito, era um deputado muito diligente e muito trabalhador, pena que nos deixou tão prematuramente”, reconheceu Cobalchini.
“Acompanhei uma cena daquele homem carregando um respirador nos últimos dias, fazendo visitas aos municípios”, descreveu Paulinha. “As homenagens são da Assembleia Legislativa”, completou Garcia.
Transporte coletivo
Eskudlark voltou a defender a retomada do transporte coletivo com regras sanitárias para fazer frente à pandemia.
“O retorno do transporte coletivo é para beneficiar o trabalhador mais necessitado, recebi da Associação das Empresas de Transporte Turístico e de Fretamento a proposta de um passageiro a cada dois assentos, máscaras e higienização diária do ar condicionado”, entre outras medidas, relatou Eskudlark.
Dengue
Fabiano da Luz ressaltou o aumento dos casos de dengue no Oeste do estado. “Vivemos uma crescente nos casos de dengue no Oeste, a pessoa que contrai dengue tem imunidade reduzida, favorecendo o contágio de outras doenças, como o coronavírus”, ensinou Fabiano, sugerindo aos administradores que olhem para cima, para as calhas das casas, marquises e caixas d’água.
Covid19 em SC
Fabiano da Luz avaliou como positiva a atuação do Executivo no manejo da pandemia do coronavírus. “Felizmente os nossos índices não chegaram ao ponto que os pesquisadores estavam apontando, principalmente os índices de óbitos e a taxa de ocupação dos hospitais. O isolamento social precoce aconteceu no momento certo, mas por outro lado as pessoas começam a relaxar, fazendo com que os índices de contágio cresçam”, argumentou Fabiano.
“Temos o menor índice de letalidade, o menor índice de ocupação de UTIs, isso é ganho, isso é boa conduta, não só do secretário, mas dos postos de saúde, dos hospitais, de toda uma equipe de saúde”, concordou Doutor Vicente Caropreso (PSDB), que pediu união aos catarinenses. “Vamos nos unir, não é hora de divisão”.
Ivan Naatz (PL) discordou dos colegas. “O que o estado fez para proteger os catarinenses do Covid? Quantos leitos abriu? Como pretende enfrentar a curva? Quanto dinheiro colocou? O que fez para proteger os catarinenses? Pelo que se sabe a única coisa que fez foi reservar leitos que já existiam, o que ele fez foi bloquear leitos”, criticou Naatz.
Identidade de gênero
Jessé Lopes (PSL) defendeu proposta de emenda constitucional de sua autoria que retira da Constituição do Estado a expressão “identidade de gênero”.
“Meu projeto é para tirar da Constituição”, conformou Jessé, que exibiu no telão imagens de cartazes na escola Annes Gualberto, de Joinville, com discussão sobre indivíduos não binários. “Uma mistura de masculino e feminino ou a total indiferença entre ambos, para alunos de oitava série, isso não é delírio e ignorância”.
Ninguém ligou para nada
Paulo Eccel (PT) encerrou sua passagem como suplente de deputado lamentando a morte de 1.179 brasileiros vítimas do coronavírus somente no dia de ontem (19). “’Ninguém ligou para nada, até que foi atingido’, já dizia Bertold Brecht. Arrogância, desqualificação, truculência, mentiras: será que precisamos ser atingidos neste espaço para ligar para isso?”, questionou Eccel.