A decisão da prefeita Juliana Pavan (PSD) de transferir temporariamente o gabinete para dentro do Hospital Municipal Ruth Cardoso, em meio à crise instaurada pela morte do recém-nascido Ragner Ramos Leitemperger, provocou reação do ex-promotor de Justiça e ex-secretário da Pessoa Idosa de Balneário Camboriú, Rosan da Rocha.
Em vídeo publicado nesta sexta-feira (3), Rosan fez críticas diretas à prefeita, acusando-a de tomar medidas com apelo midiático e de enfraquecer sua própria equipe de governo. “Se a senhora vai botar o seu gabinete dentro do hospital, é porque não confia na sua secretária de Saúde”, afirmou, ao questionar a superposição de atribuições entre as pastas. “Se eu sou secretário e a senhora bota o gabinete dentro de um órgão que eu comando, eu pego o boné e vou embora.”
Rosan, que diz ter votado em Juliana nas eleições de 2020, afirmou que esperava uma administração moderna, conduzida por mulheres e guiada por princípios éticos. No entanto, declarou estar decepcionado com o que considera a permanência de figuras políticas associadas a práticas antigas e ineficientes. Ele também mencionou a crise envolvendo o Lar dos Idosos: “A senhora não tomou atitude nenhuma”, disse, ao relatar que alertou a gestão sobre uma ilegalidade praticada por um servidor comissionado sem que nenhuma medida fosse tomada.
Em relação à exoneração da ex-diretora do hospital, Andressa Hadad, Rosan foi categórico ao dizer que ela não teve qualquer culpa na morte do bebê, mas foi penalizada por tentar alterar a estrutura do atendimento. “O único problema dela foi querer mudar o atendimento do hospital”, declarou. Segundo ele, Andressa havia alertado tanto a prefeita quanto a secretária de Saúde sobre os riscos de manter o contrato com a empresa terceirizada da obstetrícia. “Ela alertou que a empresa iria causar um prejuízo enorme, inclusive com morte — e assim ocorreu.”
Ainda de acordo com Rosan, a ex-diretora não apenas propôs o rompimento do contrato como iniciou um novo processo de contratação com base em dispensa de licitação, devidamente justificada. No entanto, após a desistência da empresa vencedora, por falta de profissionais, a segunda colocada não foi convocada. “Alguém ligou pra ela e disse: vai continuar a empresa — e é assim que nós queremos”, revelou.
Durante o vídeo, Rosan criticou o que chamou de “ações inócuas” e “populismo midiático” da atual gestão, e demonstrou preocupação com a possibilidade de uma terceirização integral do hospital. “Hospital público tem que estar na mão do governo. Ainda espero, Juliana. Votei em você, por isso estou falando isso”, concluiu.