José Boiteux, Santa Catarina – Uma decisão controvertida do governo de Santa Catarina reacendeu as tensões na Barragem Norte em José Boiteux. Após o que parecia ser um entendimento entre o governo e a comunidade Laklãnõ Xokleng, forças da Polícia Militar, incluindo uma cavalaria, foram enviadas para a barragem, uma ação interpretada como uma tentativa de pressionar pela operação das comportas.
A comunidade indígena, em resposta, formou barreiras para bloquear o acesso à barragem, mostrando sua resistência ao fechamento das comportas. Esse movimento ocorreu como uma reação direta ao anúncio anterior do governo sobre a intenção de fechar ambas as comportas da barragem.
A defesa do governador para tal ação se concentra na segurança dos cidadãos em toda a região. “Nosso maior bem é a vida dos catarinenses. E faremos todo o possível para protegê-los”, afirmou.
No entanto, o envio da cavalaria foi visto por muitos como uma medida intimidatória, em vez de uma solução de apoio às famílias locais. Muitos esperavam uma abordagem mais compassiva do governo, que poderia ter enviado mantimentos, medicamentos e apoio para as famílias afetadas pelas inundações, em vez de forças de segurança.
Entenda a Barragem Norte
Em operação desde 1992, a Barragem Norte representa um pilar crucial na contenção de enchentes em Santa Catarina, ostentando o título de maior estrutura desse tipo no estado. Situada no Rio Hercílio ou Itajaí do Norte e distante cerca de 250 km da capital, Florianópolis, a barragem tem a capacidade impressionante de reter 357 milhões de metros cúbicos de água.
É vital, no entanto, destacar que as comportas dessa barragem permaneceram inativas desde 2014, quando a barragem atingiu seu pico com um nível de 14 metros. Naquela época, o resultado foi devastador: muitas famílias foram desalojadas e inúmeras casas foram arruinadas pela enchente.
Mais preocupante é o alegado descumprimento do plano de contingência estabelecido para situações hidrológicas e geológicas na Comunidade Indígena da Barragem Norte. Essa omissão suscitou sérias preocupações sobre os riscos potenciais para as vidas, tanto indígenas quanto não indígenas, na região.