Uma nova crise entre o governo municipal de Camboriú e os servidores da educação ganhou visibilidade nesta segunda-feira (31), após professores e assistentes ACTs (Admitidos em Caráter Temporário) se dirigirem até a prefeitura para cobrar explicações sobre atrasos e falhas nos pagamentos dos meses de fevereiro e março. O que seria uma busca por respostas rapidamente se transformou em um confronto acalorado com o prefeito Leonel Pavan (PSD).
Em um vídeo divulgado pelas servidoras, o prefeito que tentou impedir as gravações feitas pelas educadoras e, diante da resistência, abandonou a conversa.
Tentativa de censura e constrangimento
Em um dos vídeos registrados pelas servidoras, Pavan demonstra incômodo ao perceber que estava sendo filmado. Tentando conter a divulgação do episódio, repreende diretamente quem segurava o celular:
— Você não precisa gravar, não — disse o prefeito.
— Pode sim, é público — respondeu uma das professoras, sendo apoiada por outra servidora que reforçou: “Pode, pode gravar”.
Diante da negativa das educadoras em interromper a gravação, Pavan encerrou o diálogo abruptamente:
— Tá bom. Tá pronto? Tá perfeito. Ah, ótimo. Faz o que tu quiser — disse, antes de se retirar, visivelmente contrariado.
Ao sair, ouviu ainda de uma servidora:
— Vota nele. Daqui três anos… Vota no Pavão! O melhor! Tu é figura pública.
Em outro momento, registrado por uma das câmeras, o prefeito aparece em uma escada do prédio da prefeitura e retoma o dialogo com as servidora que confrontam o prefeito. Ao tentar isentar-se do problema, Pavan declarou:
— Quem errou não foi o prefeito, quem errou foi o RH.
A resposta gerou revolta entre as profissionais:
— Quem contratou ele? — retrucou a professora.
— Eles são efetivos.
— Todos são efetivos? Todos? — insistiu.
— O que eu faço agora? — questionou Pavan.
A resposta veio de forma direta:
— Exonera! Resolve o problema! Você é gestor, resolva. A gente resolve problema na creche com criança. Tu resolve problema na prefeitura.
A servidora ainda destacou que essa não foi a primeira vez que a categoria precisou se mobilizar para exigir o básico:
— Mês passado a gente estava aqui. Esse mês, de novo. Tu acha que não tenho conta pra pagar?
Nota da prefeitura minimiza episódio
Horas após os vídeos ganharem repercussão, a Prefeitura de Camboriú divulgou uma nota oficial reconhecendo “inconsistências operacionais” nos pagamentos e contratações dos profissionais temporários, mas garantiu que todos receberam seus salários, ainda que com erros pontuais.
O comunicado justifica que as falhas aconteceram na tentativa de garantir o início do ano letivo sem ausência de profissionais e se comprometeu a apurar os motivos das falhas. A prefeitura orientou que os servidores com dúvidas devem procurar o RH para esclarecimentos.
Clima de revolta e desgaste entre os servidores
Para os educadores, a resposta oficial não minimiza o sentimento de descaso e insegurança vivido pela categoria. As profissionais relatam prejuízos financeiros, incerteza quanto à estabilidade do vínculo e frustração com a postura do prefeito, que ao invés de assumir responsabilidade e dialogar, tentou evitar a exposição pública dos fatos.
O episódio evidenciou a tensão crescente entre a gestão municipal e os servidores da educação, e acendeu um alerta sobre a transparência na administração dos contratos e na condução do diálogo com o funcionalismo.