Um pai denuncia que sua filha de 17 anos está vivendo nas ruas de Balneário Camboriú depois de ter sido seduzida por um morador de rua, que agora seria seu namorado. De acordo com o pai, o homem é maior de idade e influenciou a adolescente a abandonar sua família e sua casa para morar nas ruas.
O denunciante, Adrielson Souza, conhecido como “Chapolin do Brasil”, trabalha vendendo rosas em eventos na cidade e na região. Ele afirma que desde o desaparecimento da filha tem feito buscas constantes, acionando as autoridades, mas sem sucesso em resgatá-la definitivamente.
Linha do tempo do desaparecimento
Janeiro de 2024 – Primeiro desaparecimento e resgate
Segundo o pai, sua filha Aline Rosa Souza costumava frequentar a igreja com a mãe e tinha uma rotina tranquila. No entanto, há cerca de três meses, ela começou a passar mais tempo na praia, tirando fotos e postando nas redes sociais. Foi nesse período que ela teria conhecido o morador de rua.
No final de janeiro, Aline desapareceu por três dias. O pai registrou um boletim de ocorrência e, no dia 28 de janeiro, a Guarda Municipal a encontrou próximo à roda gigante, junto com a abordagem social. A adolescente foi levada para a delegacia e os pais foram acionados para buscá-la.
Fevereiro de 2024 – Mudança de comportamento e nova fuga
Após o primeiro desaparecimento, Aline voltou para casa, mas seu comportamento mudou drasticamente. Segundo o pai, a adolescente começou a insistir que queria trabalhar vendendo água próximo à roda gigante, mesmo sem necessidade, já que ajudava a família no sustento, a menina fabrica as rodas que o pai vende em eventos.
“Achei estranho quando ela começou a inventar que queria vender água mineral perto da roda gigante. Depois descobri que era onde o rapaz ‘morava’. Eu desconfiei, mas ela não dizia nada para a gente. Saía cedo e voltava só de madrugada”, conta Chapolin.
Com o tempo, o pai percebeu que a filha não trazia dinheiro para casa e decidiu impedi-la de continuar indo até o local. Aline, no entanto, disse que só precisava ir buscar uma caixa de água que havia deixado por lá. No dia 9 de março, ela saiu de casa e não voltou mais.
Março de 2024 – Segundo desaparecimento e tentativa de resgate
Após três dias sem notícias, o pai registrou um novo boletim de ocorrência. Insatisfeito com a falta de resposta, na madrugada do dia 13 de março, ele decidiu ir pessoalmente procurar pela filha e a encontrou dormindo no chão ao lado do morador de rua no mesmo local onde ela foi encontrada da primeira vez, uma cancha de bocha próximo a Roda Gigante.
“Filmei e chamei a polícia. Mas os policiais disseram que não podiam fazer nada porque era minha filha e eu que tinha que levá-la para casa. Mas como eu ia fazer isso cercado de seis ou sete vagabundos?”, relatou Chapolin.
Ao perceber que o pai chamaria a polícia, o homem se afastou discretamente, escondendo o rosto. Já a adolescente, inicialmente, ficou sentada, mas, quando o pai achou que ela voltaria para casa com ele, fugiu novamente.
Chapolin então acionou a Guarda Municipal, que fez buscas pela região, mas não conseguiu encontrá-la. O pai também passou a procurá-la por conta própria, sem sucesso.
“Ela nunca teve vício, ele fez a cabeça dela”, afirma o pai
Para o pai, a filha nunca teve envolvimento com drogas ou qualquer comportamento de risco antes de conhecer o homem. Ele acredita que o morador de rua a influenciou e pode estar fornecendo drogas para a adolescente.
“Nunca vimos ela usando nada, mas se ele usa drogas, como é que ela não vai usar? Achei papéis com desenhos de folhas de maconha e outros indícios de que ele estava influenciando ela”, afirma Chapolin.
O pai lamenta que a adolescente tenha abandonado o conforto de casa para viver nas ruas e teme pela sua segurança:
“Ela sempre foi bem cuidada, sempre se preocupou em estar arrumada, limpa. Agora está vivendo no chão, cercada de usuários de drogas. Como um pai pode aceitar isso?”
Prefeita e Conselho Tutelar foram acionados, mas menina continua desaparecida
Na tentativa de encontrar a filha, Chapolin entrou em contato com a prefeita de Balneário Camboriú, Juliana Pavan, através das redes sociais. Ele relatou o desaparecimento, mandou foto da menina, explicou toda a situação e pediu ajuda para que a abordagem social procurasse por Aline novamente.
Na troca de mensagens, a prefeita respondeu que repassaria a informação à equipe da abordagem social:
- Chapolin: “Já é a segunda vez.”
- Juliana Pavan: “Irei repassar para a abordagem social. Preciso do seu contato para avisar.”
- Chapolin: “Na primeira fiz BO e a guarda junto com a abordagem pegou ela e levou pra delegacia e ligamos para ir buscar.”
- Juliana Pavan: “E agora ela fugiu novamente? Onde ela está?”
- Chapolin: “Pelas ruas.”
- Juliana Pavan: “Morando na rua?”
- Chapolin: “É a segunda vez.”
O Conselho Tutelar também foi acionado e recebeu todas as informações do pai. No entanto, até o momento, a adolescente continua desaparecida e vivendo nas ruas.
Namoro nas redes sociais, mas influência perigosa
Nas redes sociais, Aline e o morador de rua assumiram um relacionamento. No entanto, Chapolin afirma que nunca soube da relação e que o problema não é o namoro, mas sim o fato de o homem ter convencido a adolescente a deixar sua casa para morar nas ruas.
“O problema não era o namoro, e sim a situação e a pessoa, morador de rua, viciado em droga. Acho que até pra ela seria difícil fazer isso”, desabafa o pai.
Agora, Chapolin pede ajuda da comunidade e das autoridades para encontrar sua filha e garantir que ela tenha um futuro seguro e longe das ruas.
Aumento da população de rua e desafios na abordagem social
O desaparecimento de Aline ocorre em meio a um crescimento expressivo da população em situação de rua em Balneário Camboriú. Nos últimos tempos, a cidade tem registrado um aumento significativo de pessoas vivendo em espaços públicos, principalmente na região central e nas proximidades da Praia Central.
Embora existam programas municipais voltados para o acolhimento dessa população, o caso de Aline levanta traz à tona a falta de efetividade das abordagens e do acompanhamento social. A adolescente já havia sido encontrada anteriormente pelas autoridades e encaminhada para casa, mas voltou a viver nas ruas, sem que medidas preventivas tenham sido suficientes para evitar sua reincidência nessa condição.
A família reforça o pedido de apoio para localizar a adolescente.