As sessões da Câmara de Vereadores de Balneário Camboriú dos dias 18 e 19 de março foram marcadas por um intenso embate político entre parlamentares do PL e do PT. A origem da tensão foi a licença solicitada pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que já se encontra nos Estados Unidos e agora formalizou sua permanência fora do país, alegando perseguição política no Brasil.
A tensão começou quando o vereador Alessandro Kuehne, o Teco (DC), usou seu tempo de fala para comentar o episódio e, ao citar a notícia do arquivamento do pedido de cassação do passaporte de Eduardo Bolsonaro pelo ministro Alexandre de Moraes, mencionou o nome do vereador Eduardo Zanatta (PT).
“Hoje também tive a notícia, né, vereador Renan, que seu irmão parece que abdicou do mandato de deputado federal e está nos Estados Unidos. Vai se licenciar um período aí para lutar contra a anistia daquelas pessoas que foram presas injustamente. Nada contra o vereador Zanatta, mas vi no Globo agora que o Alexandre de Moraes acabou arquivando o pedido da cassação do passaporte do seu irmão”, afirmou Teco.
A fala foi interpretada por Zanatta como uma tentativa de provocação política, o que levou o petista a rebater em tom crítico:
“Eu não entendo por que fui citado sobre a fuga de um deputado federal da família Bolsonaro. Se ele está com medo de ser preso, licenciou-se do mandato para ficar em outro país. Quem tem medo, foge”, disse Zanatta, provocando a reação imediata do vereador Renan Bolsonaro (PL), irmão do deputado.
Renan interrompeu a sessão e pediu questão de ordem, gritando que o colega estava “falando mal do meu irmão” e qualificando a postura de Zanatta como “baixa”.
A situação rapidamente mobilizou outros parlamentares alinhados ao ex-presidente Jair Bolsonaro. Anderson dos Santos (PL) usou seu tempo de fala para solidarizar-se com Renan:
“O que está acontecendo no país é uma vergonha. O deputado Eduardo Bolsonaro foi muito bem recebido aqui na cidade. E agora, por pensar diferente, é perseguido. O que vemos hoje é um ‘Xandão’ querendo acabar com quem não pensa igual”, declarou.
O vereador Guilherme Cardoso (PL) também entrou no debate e criticou a condução da política nacional:
“Parlamentares estão sendo calados. Quem quer falar a verdade tem que ir para os Estados Unidos. Enquanto isso, nesta Casa, muitos viraram despachantes da prefeitura”, alfinetou.
Na sessão seguinte, na quarta-feira (19), Renan voltou ao assunto e fez um pronunciamento emocionado, defendendo a decisão do irmão e criticando duramente o que classificou como “tentativas de desmoralização”.
“Foi duro ver meu pai naquele estado. E ver meu irmão ter que buscar abrigo fora do país também não é fácil. Mas eu não aceito que tentem atingir a minha família para me atingir politicamente”, declarou.
Renan encerrou sua fala com um recado aos adversários:
“Quem acha que vai me calar, está muito enganado. Eu vou continuar incomodando o sistema de Balneário Camboriú. E a cobra vai fumar!”