Quem mora na praia, não resiste ao mar. Nascido no litoral de Santa Catarina, o surfista Elias Figue Diel apaixonou-se pela modalidade ainda criança. Quando jovem, sonhava em ganhar o mundo deslizando sobre as ondas e com talento para isso.
Siga o @camboriunews no Instagram
O atleta de Balneário Camboriú tem três pódios no Mundial, sendo duas medalhas de prata, conquistadas em 2016 e 2017, e um bronze, em 2018. Apenas com uma noção de luz e sombra, consequência de um acidente de carro aos 16 anos, o surfista conta com a ajuda de dentro e fora da água para remar com a prancha.
Com perseverança e muita luta, Figue foi convocado para disputar o Mundial de Surf Adaptado (ISA World Adaptive) que ocorrerá entre os dias 11 e 15 de março, em La Jolla, na Califórnia. Pela primeira vez o surfista disputará na categoria deficiente visual de 0% de visão. Anteriormente, Figue apenas competiu na categoria baixa visão (pessoas com até 20% de visão).
A meta do atleta é ser campeão. “Quero trazer para cidade a medalha de ouro que nós tanto merecemos. Nos outros anos passamos raspando, mas desta vez estamos mais concentrados ainda e treinamos bastante para chegar ainda mais longe”, conta. Figue também agradece o apoio que tem recebido da Prefeitura Municipal de Balneário Camboriú, por meio da Fundação Municipal de Esportes.
Mente sã, corpo são
Não é fácil recomeçar. Figue passou por momentos de muita reflexão antes de voltar para o mar. Depois de seu acidente, a esperança para continuar lutando ficou pequena. No entanto, aceitar a perda de visão foi fundamental para seguir adiante e tudo graças à ioga. “Hoje eu sou professor de ioga e concilio o surf com esta prática”, comenta.
A prática da ioga trouxe muitos benefícios à vida de Figue. Controle de respiração, foco no momento presente e a habilidade com as posturas, o fizeram perceber o poder que os outros sentidos podiam lhe proporcionar. Foi assim que a vontade de surfar voltou.
A roupa de borracha e a prancha voltaram pra sua vida 18 anos depois do acidente. “Fazer tudo de olho fechado é difícil, mas descobri que é possível. Para ter o melhor desempenho na água é preciso ter a mente e corpo equilibrados”, explica.
Aos poucos ele foi criando coragem. No começo, ficava no mar apenas boiando, mas isso não era o suficiente para Figue, ele queria voltar a sentir a adrenalina de surfar. Com a ajuda de amigos, que o guiam pela água com comandos, ele conseguiu retomar a praticar que é a paixão de sua vida.