As pesquisas eleitorais realizadas durante a campanha em Balneário Camboriú mostraram discrepâncias significativas entre os resultados divulgados e o cenário final nas urnas, reforçando críticas anteriores sobre a confiabilidade desses levantamentos. Em diversas ocasiões, o distanciamento entre os dois principais candidatos, Juliana Pavan (PSD) e Peeter Grando (PL), foi amplificado pelas sondagens. Por exemplo, os levantamentos indicavam uma vantagem de até 25 pontos percentuais para Juliana Pavan em determinados momentos, enquanto a diferença real nas urnas foi de apenas 3,59 pontos percentuais (42,30% contra 38,71%).
Um dos fatores mais preocupantes é que tais discrepâncias, superiores a 20%, podem influenciar o comportamento dos eleitores, especialmente em momentos decisivos da campanha, quando o voto útil passa a ser uma estratégia ponderada. A narrativa de “eleição decidida” frequentemente sugerida por pesquisas com grandes margens de vantagem pode desestimular a competitividade e reforçar o voto em candidatos que aparentam estar à frente, mesmo que o cenário real seja bem mais acirrado.
Além de potencialmente distorcer a percepção pública, há suspeitas de que as pesquisas possam ser utilizadas como ferramenta para captação de recursos de campanha. Empresários, ao seguirem a lógica de investir no ‘cavalo que vai ganhar’, tendem a apoiar financeiramente candidatos que aparecem como favoritos nas sondagens, o que pode gerar práticas irregulares de financiamento, como um possível esquema de caixa 2, segundo indícios envolvendo Glauco Piai, apontado como operador financeiro na campanha de Juliana Pavan.
A discrepância entre os resultados eleitorais e as pesquisas divulgadas foi observada em diversas sondagens ao longo do período eleitoral. A pesquisa do instituto Tendência de 3 de outubro, por exemplo, apontava Juliana com 43% e Peeter com 28,4%, sugerindo uma liderança confortável de 14,6 pontos percentuais. No entanto, o resultado final indicou uma corrida muito mais acirrada. Outras pesquisas, como as realizadas pelo INCOPE e MAPA Marketing, também erraram ao apontar grandes vantagens para Pavan.
Curiosamente, a pesquisa do instituto DNA, impugnada pela justiça eleitoral, foi a que mais se aproximou do resultado das urnas, chegando a captar uma possível virada de Peeter Grando, que não se concretizou por uma pequena margem de votos.
Esses episódios não são novos e seguem um padrão observado em eleições anteriores, em que as pesquisas ampliam indevidamente a diferença entre os candidatos, como relatado em cidades como Gaspar e Joinville em pleitos anteriores.